PORTUGAL
J. P. Amorim
Presidente. Sociedad Portuguesa de Nefrología
O dealbar da Nefrologia é preparado em Portugal pela experiência Clínica e reflexão investigativa de uma longa escola de internistas que nos Hospitais Universitários de Lisboa, Porto e Coimbra preparam as gerações que, a partir dos finais dos anos 50, passam a centrar a sua actividade no estudo e tratamento das doenças renais.
Em 1956, no Porto, Cerqueira Magro introduz a biópsia renal. E, a partir do começo dos anos 60, Rafael Adolfo Coelho em Lisboa, Eva Xavier, Serafim Guimarães e Levi Guerra no Porto e, mais tarde, Adelino Marques em Coimbra, iniciaram nos seus Serviços de Medicina Interna a prática regular da Nefrología.
O gravíssimo problema das insuficiências renais agudas cedo despertou nos médicos portugueses o imperativo de lhe procurar solução pêlos métodos de terapéutica substitutiva, sendo já utilizada a diálise peritoneal intermitente desde o final dos anos cinquenta.
Filipe Vaz, em Lisboa, começa os primeiros tratamentos de hemodiálise, por 1960, utilizando o Kolff de tambor rotativo. Logo em seguida, em 1961, é Cerqueira Magro quem instala no Porto a terapêutica hemodialitica, utilizando pela primeira vez os filtros de placas.
Em 1966, Jacinto Simões instala uma Unidade de Cuidados Intensivos no Serviço de Medicina Interna do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, passando a utilizar a diálise peritoneal e a hemodiálise, alargada em 1967 ao primeiro programa português de hemodiálise crónica. A hemodiálise é iniciada também no ano seguinte no Serviço de
Medicina Interna do Hospital de Santo António, no Porto, com Eva Xavier, Serafim Guimarães e Levi Guerra, no Serviço de Urologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra, com Linhares Furtado e colaboradores, já na perspectiva do transplante renal que afanosamente se preparava. Os anos setenta vêem a multiplicação dos casos de insuficiência renal terminal, a exceder dramaticamente a capacidade de tratamento das unidades de hemodiálise dos hospitais estatais. Face à incapacidade oficial, é a iniciativa privada dos médicos que vem dar a necessária solução, a partir da acção de Filipe Vaz, em 1973, rapidamente seguido por outros grupos médicos, sobretudo a partir dos finais dos anos 70.
Em 1980 é iniciada a D.P.C.A. pela equipa de Jacinto Simões, no Hospital de Santa Cruz. O transplante renal, ainda limitado ao rim de dador vivo, dado a vazio legal então existente, foi realizado pela primeira vez nos Hospitais da Universidade de Coimbra, em 1969, pela equipa chefiada por Linhares Furtado, seguido, pouco tempo depois, pela equipa de Jacinto Simões, no Hospital Curry Cabral, em Lisboa. Só onze anos mais tarde, havendo sido enfim promulgada legislação apropriada, teve inicio um programa de transplante renal como rins de cadáver com as intervenções da equipa de Linhares Furtado, em Coimbra, e da de Rodríguez Pena, em Lisboa. Novas equipas de transplante se lançaram nesta importante acção, nos Hospitais de Santo António e de S. João, no Porto, e nos Hospitais de Santa Cruz, de S. Francisco Xavier, de Santa Maria e de Curry Cabral, em Lisboa, Em Dezembro de 1991, o total de transplante renais era de 1.602.
Em 1978, o Ministério da Saúde cria a Comissão Nacional de Diálise e Transplante que apoiou o Ministerio na preparação do enquadramento do tratamento da Insuficiência Renal Crónica Terminal em Portugal propondo, nomeadamente, as bases de um “Programa Nacional de Diálise” e a criação do “Lusotransplante” que articula funcionalmente os Centros de Histocompatibilidade do Norte, Centro e Sul. A preparação dos primeiros nefrologistas portugueses é feita em centros estrangeiros sendo só em 1975 que se inicia o treino da especialidade em Portugal sob a direcção de Eva Xavier, Serafim Guimarães, Levi Guerra, Cerqueira Magro e Sousa Fernandes no Porto, Adelino Marques em Coimbra e Rafael Adolfo Coelho e Martins Prata em Lisboa. Em 1981, a Ordem dos Médicos reconhece a autonomía da Nefrologia e cria o respectivo Colégio de Especialidade. Também em 1981, cria-se em Faro o primeiro Serviço de Nefrologia fora dos Hospitais Centrais e Universitarios e iniciase a disseminação dos novos especialistas por todo o território nacional. O crescimento do número de Nefrologistas leva às primeiras experiências associativas a partir de 1978. Nesse ano realiza-se o 1.° Simpósio Português de Nefrologia, presidido por Martins Prata e em 1982 é formalmente constituida a Sociedade Portuguesa de Nefrologia que elege Eva Xavier como seu primeiro Presidente.
Em 1986 a Sociedade realiza o seu primeiro Congresso, presidido por Martins Prata e inicia o funcionamento do Gabinete de Registo do Tratamento de Insuficiência Renal Crónica Terminal sob a responsabilidade de Ribeiro Santos. A Sociedade Portuguesa de Nefrologia tem hoje cerca de um quarto de milhar de membros, realiza anualmente o seu Congresso (em conjunto com a Associação Portuguesa de Enfermeiros de Diálise e Transplantação), promove estudos cooperativos e cursos de formação postgraduada e mantém relações com as suas congéneres nacionais e internacionais.
J. P. Amorim
Presidente. Sociedad Portuguesa de Nefrología
O dealbar da Nefrologia é preparado em Portugal pela experiência Clínica e reflexão investigativa de uma longa escola de internistas que nos Hospitais Universitários de Lisboa, Porto e Coimbra preparam as gerações que, a partir dos finais dos anos 50, passam a centrar a sua actividade no estudo e tratamento das doenças renais.
Em 1956, no Porto, Cerqueira Magro introduz a biópsia renal. E, a partir do começo dos anos 60, Rafael Adolfo Coelho em Lisboa, Eva Xavier, Serafim Guimarães e Levi Guerra no Porto e, mais tarde, Adelino Marques em Coimbra, iniciaram nos seus Serviços de Medicina Interna a prática regular da Nefrología.
O gravíssimo problema das insuficiências renais agudas cedo despertou nos médicos portugueses o imperativo de lhe procurar solução pêlos métodos de terapéutica substitutiva, sendo já utilizada a diálise peritoneal intermitente desde o final dos anos cinquenta.
Filipe Vaz, em Lisboa, começa os primeiros tratamentos de hemodiálise, por 1960, utilizando o Kolff de tambor rotativo. Logo em seguida, em 1961, é Cerqueira Magro quem instala no Porto a terapêutica hemodialitica, utilizando pela primeira vez os filtros de placas.
Em 1966, Jacinto Simões instala uma Unidade de Cuidados Intensivos no Serviço de Medicina Interna do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, passando a utilizar a diálise peritoneal e a hemodiálise, alargada em 1967 ao primeiro programa português de hemodiálise crónica. A hemodiálise é iniciada também no ano seguinte no Serviço de
Medicina Interna do Hospital de Santo António, no Porto, com Eva Xavier, Serafim Guimarães e Levi Guerra, no Serviço de Urologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra, com Linhares Furtado e colaboradores, já na perspectiva do transplante renal que afanosamente se preparava. Os anos setenta vêem a multiplicação dos casos de insuficiência renal terminal, a exceder dramaticamente a capacidade de tratamento das unidades de hemodiálise dos hospitais estatais. Face à incapacidade oficial, é a iniciativa privada dos médicos que vem dar a necessária solução, a partir da acção de Filipe Vaz, em 1973, rapidamente seguido por outros grupos médicos, sobretudo a partir dos finais dos anos 70.
Em 1980 é iniciada a D.P.C.A. pela equipa de Jacinto Simões, no Hospital de Santa Cruz. O transplante renal, ainda limitado ao rim de dador vivo, dado a vazio legal então existente, foi realizado pela primeira vez nos Hospitais da Universidade de Coimbra, em 1969, pela equipa chefiada por Linhares Furtado, seguido, pouco tempo depois, pela equipa de Jacinto Simões, no Hospital Curry Cabral, em Lisboa. Só onze anos mais tarde, havendo sido enfim promulgada legislação apropriada, teve inicio um programa de transplante renal como rins de cadáver com as intervenções da equipa de Linhares Furtado, em Coimbra, e da de Rodríguez Pena, em Lisboa. Novas equipas de transplante se lançaram nesta importante acção, nos Hospitais de Santo António e de S. João, no Porto, e nos Hospitais de Santa Cruz, de S. Francisco Xavier, de Santa Maria e de Curry Cabral, em Lisboa, Em Dezembro de 1991, o total de transplante renais era de 1.602.
Em 1978, o Ministério da Saúde cria a Comissão Nacional de Diálise e Transplante que apoiou o Ministerio na preparação do enquadramento do tratamento da Insuficiência Renal Crónica Terminal em Portugal propondo, nomeadamente, as bases de um “Programa Nacional de Diálise” e a criação do “Lusotransplante” que articula funcionalmente os Centros de Histocompatibilidade do Norte, Centro e Sul. A preparação dos primeiros nefrologistas portugueses é feita em centros estrangeiros sendo só em 1975 que se inicia o treino da especialidade em Portugal sob a direcção de Eva Xavier, Serafim Guimarães, Levi Guerra, Cerqueira Magro e Sousa Fernandes no Porto, Adelino Marques em Coimbra e Rafael Adolfo Coelho e Martins Prata em Lisboa. Em 1981, a Ordem dos Médicos reconhece a autonomía da Nefrologia e cria o respectivo Colégio de Especialidade. Também em 1981, cria-se em Faro o primeiro Serviço de Nefrologia fora dos Hospitais Centrais e Universitarios e iniciase a disseminação dos novos especialistas por todo o território nacional. O crescimento do número de Nefrologistas leva às primeiras experiências associativas a partir de 1978. Nesse ano realiza-se o 1.° Simpósio Português de Nefrologia, presidido por Martins Prata e em 1982 é formalmente constituida a Sociedade Portuguesa de Nefrologia que elege Eva Xavier como seu primeiro Presidente.
Em 1986 a Sociedade realiza o seu primeiro Congresso, presidido por Martins Prata e inicia o funcionamento do Gabinete de Registo do Tratamento de Insuficiência Renal Crónica Terminal sob a responsabilidade de Ribeiro Santos. A Sociedade Portuguesa de Nefrologia tem hoje cerca de um quarto de milhar de membros, realiza anualmente o seu Congresso (em conjunto com a Associação Portuguesa de Enfermeiros de Diálise e Transplantação), promove estudos cooperativos e cursos de formação postgraduada e mantém relações com as suas congéneres nacionais e internacionais.
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